Seguir ou não seguir o briefing? Eis a questão.

Essa é uma discussão sempre muito interessante em quase todo o projeto de design (tirando aqueles onde o cliente é o Rei e manda, já que tá pagando! affff) Então, aquilo que está descrito no briefing deve ser seguido a risca ou não? Se o cliente te dá algumas orientações ambíguas, ou algo que um direcionamento que você discorde pensando - Não, posso fazer bem melhor que isso! - Como proceder??? Bueno, isso vai depender de muita coisa. Pensei em algumas delas pra compartilhar com vocês...

Abertura do cliente
Sempre vamos nos depara com clientes mais ou menos abertos à sugestões e mudanças de visão em relação aos problemas de design. Existem aqueles que querem que nós os ajudemos a ver melhor o que eles precisam e aqueles que não vão enxergar de outra forma o problema que eles já determinaram. Bons designers tendem a avaliar a interpretação do cliente em relação ao seu problema. Por quê? Para que o resultado do seu trabalho não sirva apenas para validar que aquele não era mesmo o problema, e que precisamos de outra solução. Aí entra uma ferramenta interessante, o contra-briefing. Ele é uma reinterpretação do problema feita pelo designer oferecendo uma visão diferente em relação ao problema do cliente, esclarecendo algumas questões e oferecendo uma interpretação que pode ser validada ou não. E o trabalho só começa a partir disso.

Percepção da necessidade
Aqui volta sempre aquela comparação com o médico. Quem vai chegar ao médico dizendo, olha só doutor, estou com uma dor aqui, então me receita isso daqui e aquilo ali pra eu tomar e pronto. Infelizmente nós não temos o poder do receituário, mas seria bem interessante se o cliente só pudesse produzir materiais gráficos com a assinatura e o carimbo de um designer não é mesmo? Pois então, a percepção do problema do cliente em geral é baseada no conhecimento dele. E aí também depende da abertura dele a uma nova interpretação que mude a sua percepção. Mas quando o cliente sabe o que quer e está certo... aí tudo fica mais fácil, não precisa quebrar a cabeça, mas também não dá pra ficar só sendo orientado, o trabalho intelectual do designer é o que expande os limites!

Os tipos de clientes

O Cliente que não vai para o portfólio: Esse quanto mais rápido for embora melhor. Às vezes nem se pega esse tipo de trabalho, mas, como sempre se pode ajudar... (diga-se ganhar $$$), de vez em quando a gente enfrenta.

O Cliente fácil que trabalha junto: Com esse cara podem acontecer duas coisas, uma boa e uma ruim. A boa é que ele pode ter uma demanda bem clara e assim fica fácil de resolver o problema. A Ruim é que ele pode querer apenas alguém que "faça a arte" do que ele está pensando, o manobrista de layout. Aí termina logo o trabalho que é fria.

O Bom Cliente que se pode ajudar: Esse geralmente é o projeto que faz mais diferença na realidade da empresa. Um Cliente que não sabe bem o que precisa e que está aberto à nossa ajuda como intérpretes de seus problemas. Em geral o resultado vai além da expectativa deles e quando o projeto é bem sucedido dá um baita resultado para a empresa.

O Cliente dos projetos bacanas: Esse cara é o desafio, é o que apoia um projeto inovador, o que ajuda a desbloquear e fazer alguma coisa empolgante. Aqueles projetos que dá vontade de trabalhar e que acabam geralmente concorrendo a prêmios, principalmente porque vão além do padrão, rompem com paradigmas, e isso só se consegue com apoio e parceria entre cliente e designer.

Conclusões... O que fazer então???


  • Descubra o tipo de cliente e aprenda a lidar com ele (essa matriz até ajuda a enquadrar).
  • Na dúvida entre seguir ou não o briefing, faça um projeto que responde a ele, outro que responde a sua perspectiva, assim que se surpreende um cliente, e ajuda ele a comparar e entender como o projeto pode ir além.
  • Fique esperto pois nem sempre o cliente sabe o que ele precisa.
  • Parta da premissa básica: O designer é você, o cliente entende mesmo é do negócio dele. Então pergunte, questione a solicitação do cara. Se ele parece o dono da verdade, adicione insegurança à postura dele, perguntando como ele vai resolver isso ou aquilo, assim pode começar a se abrir a uma nova interpretação.
E pra divertir um pouco...



Esse post é dedicado ao George Rocha, designer que levantou a interessante discussão. Valeu meu velho!

Abraços a todos

Gabriel Schüler
Gestor do Projeto Maestro